PRECISO REALMENTE VACINAR MEU GATO?
Acredito que esta seja a pergunta de maior frequência na rotina da clinica de felinos. E a resposta é: SIM! “Mas ele é de apartamento, não tem contato com a rua, nem com outros gatos. Preciso vacinar mesmo assim???” Sim, mesmo assim precisa vacinar! E vou explicar o motivo.
Há dois vírus muito comuns no mundo felino, de fácil transmissão e que podem levar ao óbito, o HERPESVIRUS e o CALICIVIRUS.
O herpesvírus felino, responsável pela famosa rinotraqueite ou “gripe do gato”, pode causar conjuntivite, úlcera de córnea em casos graves, rino sinusite e traqueite, que podem se agravar com infecções bacterianas secundárias. Após a cura clínica, o vírus deixa algumas sequelas, variando desde olho seco (por alteração da qualidade da lágrima), até rinite crônica de graus variados.
O calicivirus felino costuma causar úlceras em língua, gengiva e garganta, extremamente dolorosas dificultando, e as vezes até mesmo impedindo, que o gato se alimente. Em casos mais graves pode cursar com poliartrite muitas vezes debilitante, pneumonite e/ou bronquiolite, tendo como sequela após a cura clínica a bronquite crônica.
Após estes vírus serem adquiridos, permanecem no organismo por tempo indeterminado e podem ser reativados em qualquer situação que baixe a imunidade, tornando a causar sinais clínicos. Ambos são altamente contagiosos e transmitidos pela via oronasal, através do contato da saliva de um gato contaminado com um gato livre dos vírus. Como exemplos desse contato temos a mãe zelosa limpando os filhotes, os espirros, comedouros e bebedouros comunitários. Desta forma, aproximadamente 90% da população mundial de gatos, já nasce com pelo menos um desses vírus. Gatos de qualquer idade são acometidos, mas especialmente os filhotes, os idosos e os imunocomprometidos.
Se é praticamente impossível evitar o contágio, se depois que os vírus entram no organismo eles não saem mais, como a vacina pode ajudar????
De muitas maneiras! Nos felinos, a vacina tem a capacidade de proteger contra a manifestação da doença, mesmo em animais que já possuam os vírus. Acontece um espaçamento entre as crises, e, quando houver a reativação viral, os sinais serão mais brandos. Portanto, para que um gato, mesmo que seja filho único e de apartamento, permaneça o mais saudável possível, é imprescindível que suas vacinas estejam em dia.
A frequência da vacinação e o tipo de vacina a ser aplicada são orientações do médico veterinário especializado em Medicina de Felinos.
Dra Vitória M.Z.D. Andrade (VetVi)
Especializada em Medicina de Felinos, faz parte do setor de felinos da Promove.