Panosteite em cão da raça Pastor Alemão

Panosteite in breed dog shepherd

Bárbara Pereira dos Santos DiasBpsvet radiologia veterinária, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, bpsvet@gmail.com ,Marcelo Figueiredo Abdu, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, marceloabdu@gmail.com

Resumo

A panosteite é uma doença do crescimento que acomete ossos longos e tem predileção pela raça pastor alemão entre 6 a 9 meses. O diagnóstico definitivo é radiográfico, sendo evidentes alterações no aspecto radiográfico normal das diáfises e metáfises dos ossos longos. A panosteíte é uma doença auto limitante e os animais se recuperam espontaneamente, normalmente após um período de uma semana. Recidiva da afecção pode acontecer e os animais respondem bem ao tratamento com anti-inflamatórios não esteróides. O prognóstico é favorável, uma vez que os animais recuperam bem e normalmente não ficam com sequelas.

Palavra chave:

doença do crescimento, panosteite, cães.

Abstract:

The panosteite is a disease that affects the growth of long bones and has a predilection for the German shepherd breed between 6-9 months. The definitive diagnosis is radiographic, and obvious changes in normal radiographic appearance of the diaphysis and metaphysis of long bones. The panosteíte is a self-limiting disease and the animals recover spontaneously , usually after a period of one week. Relapse of disease can occur and animals respond well to treatment with anti – inflammatory drugs. The prognosis is favorable, since the animals recovered well and are not normally sequelae Keywords: disease growth, panosteite, dogs.

Introdução:

A panosteite é uma doença do desenvolvimento de ossos longos. Estas lesões podem ser solitárias ou generalizadas, localizadas em ossos longos ou em articulações. Acomete cães de crescimento rápido sem histórico de trauma ou exercícios físicos extenuantes. A doença é caracterizada por claudicação intermitente e autolimitada, podendo desaparecer independente do tratamento. A etiologia é desconhecida e acomete principalmente cães jovens da raça pastor alemão, entre 5 a 18 meses de idade. A sintomatologia compreende grau variável de dor óssea e claudicação associada. É uma afecção autolimitante que afeta ossos longos de cães de grande porte sendo mais comum em Pastor Alemão. Os sinais da doença são vagos com claudicação que pode variar de moderada a grave, com início súbito e persistente, não associada a históricos de traumas. A doença é auto limitante e os sinais clínicos desaparecem normalmente no prazo de sete dias. A incidência é maior nos ossos longos do apêndice torácico, radio e úmero, quando comparado ao ossos do apêndice pélvico fêmur e tíbia.

As lesões de panosteite acometem ossos longos, podendo ser únicas, acometendo ossos longos de um apêndice torácico ou pélvico ou múltiplas, acometendo mais de um apêndice pélvico ou torácico, assim como as lesões do desenvolvimento de localização articular.

As lesões podem acorrer na diáfise em qualquer localização diafisárias mas, são mais comumente diagnosticadas proximais ao forames nutrícios. Radiograficamente é caracterizada por perda da definição da trabeculação óssea e aumento da opacidade em topografia de canal medular. O envolvimento ósseo é sequencial e a doença e de característica migratória com claudicação intermitente.

O termo panosteite não é adequado para esta afecção, uma vez que em estudos histológicos nenhuma evidencia de resposta inflamatória foi diagnosticada. Microscopicamente existe aumento da atividade osteoplástica na medula, endósteo e periósteo. Com a progressão da doença as lesões vão desaparecendo gradativamente.A maioria dos cães se recuperam em poucos meses independente do tratamento. Em alguns cães foi observado panosteite em cães com aproximadamente 7 anos de idade.

Metodologia:

Foi encaminhado para o serviço de radiologia veterinária cão pastor alemão de 9 meses com claudicação intermitente e não determinada em qual segmento do esqueleto apendicular a mesma se apresentava. O animal foi submetido a radiografias do esqueleto apendicular sendo diagnosticado alterações compatíveis com panosteite nos ossos longos do apêndice torácico, radio e ulna em topografia de forame nutrício, e nos ossos longos do apêndice pélvico, tíbia. As lesões ósseas eram bilaterais com perda da radilucencia do canal medular e do padrão trabecular habitual.

O animal foi submetido a exame radiográfico simples do esqueleto apendicular em incidência médio-lateral, anteroposterior e ventrodorsal para as articulações coxo femorais com finalidade de avaliar fêmures e articulações do quadril. As radiografias foram realizadas em equipamento com capacidade operacional de 200MA e 120kvp, écrans terras raras base verde montados em chassi radiográfico padrão nos tamanhos 24×30 e 30×40.

Os animais foram posicionados evitando rotação dos apêndices torácicos e pélvicos e sem sedação previa radiográfica.

As técnicas radiográficas utilizadas estão relacionadas com a quilovoltagem (KV), aplicada segundo a espessura do osso a ser radiografado, aplicando a fórmula Kv = espessura x 2 +40 e a miliamperagem (Ma) por tempo de exposição (MAS). Foi aplicado o descrito na literatura de que quanto menor o tempo aplicado melhor a qualidade da imagem considerando a capacidade operacional do aparelho. As radiografias foram reveladas em câmara escura em sistema de revelação manual com químicos de boa qualidade e obedecendo a descrição literária. A secagem foi feita manualmente com fonte de calor aplicada no filme radiográfico.

A análise da imagem radiográfica foi realizado com uso de fonte de luz homogênea, negatoscopio, onde foram identificadas alterações ósseas compatíveis com panosteite tais como: pouca definição do trabecular ósseo, área de radiopacidade semelhante à da cortical óssea em localização medular da diáfise dos ossos longos. Estas alterações foram vistas em rádio e ulna bilateral e na tíbia de apenas um apêndice pélvico.

O animal foi radiografado 15 dias após diagnostico radiográfico de panosteite apresentando redução da opacidade intramedular com espessamento ósseo e perda da conformação habitual trabecular.

Resultados:

A Avaliação radiográfica do esqueleto apendicular em cães apresentando manifestação clinica como claudicação e desconforto álgico mostrou-se eficiente no diagnóstico da panosteite. As tomadas radiográficas em duas incidências e o conhecimento clinico da patologia em questão facilitaram o diagnóstico da panosteite. O conhecimento da raça acometida e idade também auxiliou na busca do diagnostico radiográfico.

Discussão:

A panosteite é uma afecção manifestada em animais jovens de crescimento rápido de maior incidência em cães da raça pastor alemão. Os sinais clínicos são inespecíficos caracterizados por claudicação intermitente do esqueleto apendicular. A panosteite pode ser diagnosticada em conjunto com outras doenças do crescimento tais como displasia coxo femoral e ostecondrose da articulação escapulo umeral. Alterações laboratoriais não estão presentes e o diagnóstico é radiográfico.

O diagnóstico definitivo é radiográfico, sendo evidentes alterações no aspecto radiográfico normal das diáfises e metáfises dos ossos longos (úmero, rádio, fémur e tíbia), existindo raros casos descritos de lesões no ílio e metacarpos.

A panosteíte pode aparecer associada a outras doenças ortopédicas dos animais jovens como a osteocondrose ou displasia coxo femoral. As alterações radiográficas começam por um ligeiro aumento da densidade óssea medular proximal ao forame nutrício caracterizada por proliferação de tecido fibroso intra medular, depois com a proliferação de osteoblastos e a formação e calcificação de novo osso intramedular a radiopacidade torna-se evidente. Por fim, verifica-se reabsorção de osso e retorno gradual à radiopacidade normal.

A recuperação é rápida com resolução da claudicação e alteração da imagem radiografica verificada no intervalo de set a quinze dias após diagnóstico da doença.

As doenças do crescimento são frequentes na rotina radiografica de pequenos animais, mas, a informação da ocorrência das mesmas ainda sofre escassez de informação na rotina dos clínicos veterinários.

A displasia coxo femoral, que é uma doença do crescimento articular, é a mais difundida no meio clinico veterinário. Outras como panosteite e ostecondrose são muitas vezes negligenciadas por falta de informação sobre a ocorrência destas doenças.

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